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Você não serve para essa empresa

October 27th, 2018 Posted by Regenera 0 thoughts on “Você não serve para essa empresa”

Artigo de Alexandre Pellaes originalmente postado em Medium.com/AlexandrePellaes

Você não serve para essa empresa

A cultura organizacional não pode ser usada como desculpa para manter o poder hierárquico disfarçado!

Nos últimos anos, têm pipocado uma série de estudos, artigos, definições e blábláblá motivacional acerca do tema “cultura organizacional”.

É inegável que, com o desenvolvimento de uma nova forma de enxergar o trabalho e a relação individual com nossa capacidade produtiva, estamos mais interessados em ter uma conexão com propósito e significado. E isso está muito ligado ao tipo de cultura que uma determinada organização vive e diz que vive. (Ou só diz que vive.)

Muitas vezes, entende-se como cultura somente o conjunto de conhecimentos, saberes e práticas, sem (em)prestar suficiente atenção e foco às ações resultantes desses elementos. Mas é necessário ampliar essa definição, afinal cultura é o resultado da ação humana em um cenário colocado, em um mundo existente, que pode ser transformado — por meio do Trabalho!

A querida filosofa Terezinha Rios me inspira, ao afirmar:

É impossível falar de cultura sem falar de Trabalho — no sentido da ação intencional e consciente do ser humano, a fim de transformar uma realidade.

Se transferirmos essa visão para o mundo organizacional, encontraremos uma reflexão interessante de que, talvez, ao buscarmos tanto “fit cultural”, estamos apenas criando lugar no conforto de seguir o que acreditamos ser seguro e não sermos desafiados. Fico imaginando uma empresa que tem “diversidade” como um de seus valores, mas busca perfis bem definidos de fit cultural.

ESCLARECENDO: Não — nem de longe — estou tentando reduzir a importância de considerar os conceitos culturais durante o processo de contratação, a potencialidade de desenvolvimento e crescimento conjunto, a aderência às práticas atuais e ao perfil das pessoas do time etc. Pelo contrário, o que quero fazer é ampliá-los. Permitir que a cultura seja desenvolvida e prove-se adaptada e atualizada. A todo momento. Em toda interação.

A empresa americana de games Valve tem uma postura interessante nesse sentido. Como parte das suas práticas de recrutamento está a premissa de contratar alguém “melhor do que nós”. (Epa! Alguém que sabe mais do que eu sei? Mas e o meu cargo? E o meu futuro na empresa?…)

Uma cultura de crescimento e aprendizado não se coloca como verdade estática. É verdade em movimento.

Em eterna versão Beta. Assim como nós, aprendendo e melhorando a partir da consciência da nossa eterna imperfeição.

Caso contrário, ganha o jogo o “sempre foi assim”. E esse conceito tem uma morte dolorosa, que chega sem avisar. Quando deixa de ser “assim”, a empresa descobre muito tarde. E tchau! Já era.

Vamos falar de “culture contribuition” e não de “culture fit! — Provoca o pesquisador Adam Grant.

Ao invés de perguntar: “Essa pessoa se encaixa na nossa cultura?”, que tal questionarmos: “O que está faltando em nossa cultura e essa pessoa vai enriquecer?”

Portanto, se você está procurando uma forma de mostrar que se interessa pela cultura de uma organização, talvez possa desafiá-la a ser melhor com o que você tem a oferecer. Busque formas de contribuir e ampliar a visão, ao invés de simplesmente se moldar ao status quo.

E se você tem uma posição de liderança e é um defensor da cultura, abra um pouco o campo para deixa-la respirar (novos ares!).

Um grande abraço e muito bom Trabalho!

Organizações Teal e baseadas na confiança e colaboração – Quais os pontos críticos?

September 26th, 2018 Posted by Casos, Regenera 0 thoughts on “Organizações Teal e baseadas na confiança e colaboração – Quais os pontos críticos?”

Por Capucine Ortoli Originalmente publicado em enliveningedge.orgtheteamakers.org

 

Tendo passado o último um ano e meio contribuindo para o desenvolvimento e adoção de uma organização Teal, baseada na confiança, e empoderamento de times em uma companhia relativamente grande, eu sinto que estou presa “em meio” a um mundo de transição. Imaginando se é somente sobre eu sendo rebelde a qualquer KPI (Key Performance Indicator, Indicador Chave de Performance), a qualquer controle, se sou tão dogmática e idealizadora que não consigo ser a ponte que as pessoas esperam que eu seja… entre os chamados ‘modo antigo’ e ‘novo modo’ de fazer, pensar e ser das empresas corporativas.

Sou requisitada pela empresa a ser uma conectora, porque mesmo implementando o ‘novo modo’, ainda sou parte de uma empresa regrada principalmente de forma bastante diferente de qualquer cultura Teal, com base na confiança.

Me é pedido que eu me comporte de uma nova maneira que inspire a mudança, mas sou julgada de acordo com as antigas regras. Na prática, isso significa que fatos & figuras (números) continuam a ser seguidas(os):

 “Isso está funcionando ou não? Mostre-me os fatos & figuras (números), quantas pessoas são Teal? Quantos times mudaram? Estamos indo rápido o suficiente? Qual o plano de mudança?”

A questão que levanto é: “Essas perguntas sequer fazem sentido considerando o novo paradigma?”.

Tentar compreender essa mudança com as métricas, fatos & figuras, ou observando-as, não nos leva a lugar algum – ou nos levará ao mesmo lugar de sempre porque nós pensaríamos da mesma maneira de sempre. Permaneceríamos na superfície.

Ok então… Como mudar? Como começar? Vamos tentar ajudar a compreender e começar de algum lugar:

  • Você aceitaria de bom grado a incerteza todos os dias?
  • Quais são seus medos em abrir mão, controlar menos, ouvir mais, levantar questões para o grupo e trabalhar de maneira mais interativa?
  • Como você se sente nesse mundo de “aprender fazendo”?
  • Como você se sentiria ao ser conectado com suas emoções

O que quero dizer com essa lista de perguntas: “Nenhum problema pode ser resolvido no mesmo nível de consciência que o criou” como Einstein disse.

Esse nível de consciência, nesse contexto em particular, significa que OUTRO nível de consciência precisa estar em sua mente e corpo para fazer a mudança. Esse nível de consciência pode somente emergir se você abrir mão da necessidade de entender e controlar tudo.

Esse nível diferente de consciência virá se você vivenciá-la: na conversa, na escuta, no silêncio, nos questionamentos, na contemplação, na conexão a você mesmo e a outros.

Muitas pessoas estão questionando: “Ok, então é tanto uma transformação pessoal quanto uma mudança da corporação, mas como começar de fato?” Não há uma resposta única para essa pergunta; podem existir milhares jeitos para fazer isso acontecer porque é sobre quem você é consigo, com outros, com a corporação como um todo, com o mundo.

Tentem esse caminho: perguntem-se algumas das questões listadas abaixo, respondam honestamente e mais profundamente possível. Tudo bem se não encontrarem as respostas imediatamente; tentem mais uma vez. Por favor, sintam-se a vontade para adicionar questões a essa lista, este artigo é aberto para sua contribuição.

Perguntem-se:

  • Eu sei quem eu sou?
  • Eu sei por que estou aqui?
  • Eu compreendo por que nós precisamos mudar?
  • Eu confio e as pessoas confiam em mim?
  • Eu estou pronto para não dar autoridade sobre mim?
  • Eu demostro vulnerabilidade?
  • Eu participei na definição dos objetivos coletivos?
  • Eu escuto profundamente?
  • Eu aplico o processo do aconselhamento?
  • Eu distribuo o poder?
  • Eu posso liderar e ser liderado?
  • Eu pratico meditação ou contemplação com regularidade?
  • Eu deixei as mascarás para trás?
  • Eu vejo potencial em todos?
  • Eu dou total transparência a qualquer informação?
  • Eu aceito que não preciso tomar todas as decisões?
  • Estou confortável com as decisões tomadas sobre onde a informação está?
  • Eu entendo que todos possuem talentos
  • Eu contribuo na construção de um ambiente mais prazeroso
  • Eu faço o que amo, amo o que faço e aceito que os outros façam o mesmo?
  • Estou preparado para dizer “Eu não sei”?
  • Eu me levantei contra o sistema?
  • Eu procuro feedback baseado nas minhas necessidades e eu sei como dar um feedback construtivo?
  • Eu consigo expressar meus sentimentos e necessidades?
  • Eu aprendo fazendo ao invés de planejando?
  • Eu concordo que planejar é supor?
  • Estou preparado para cometer erros?
  • Eu aceito as pessoas como elas são?
  • Eu sei quais são meus valores e vivo por eles?
  • Eu aceito que KPIs desvirtuam o que fazemos?
  • Eu vejo oportunidade de oferecer coach e não de dar ordens?
  • Eu me conecto profundamente com as pessoas?
  • Eu aceito que longas listas não são realizadas?
  • Eu não faço jogo político?
  • Eu aceito a incerteza?
  • Eu estou preparado para experienciar novos papéis conforme a necessidade?
  • Eu não preciso saber de tudo?
  • Eu aceito abrir meu currículo (CV) de fracassos?
  • Estou disposto a perdoar a mim mesmo e aos outros?
  • Eu posso ter relacionamentos adulto-adulto com todos?
  • Eu aceito que todos podem ser líderes?
  • Eu busco ser ciente de meus hábitos?
  • Estou disposto a ter nenhum crédito por aquilo que fiz?